*** VISITARAM O CANTADOR ***

contador de acessos

O CANTADOR

Minha foto
Marabá, Pará, Brazil
Sou cantador pelo mundo, sacudidor de poeira, tenho medo dessas águas mas não largo a ribanceira, quem prova dessa fartura não despreza a capoeira.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

* RODA D'ÁGUA

RODA D’ÁGUA
Clauber Martins
                            
Essa gente humilde quer viver em paz
Cinzas não se regeneram mais
Faca cega na dá corte
Esse chão vermelho ainda não secou
Quem cavar vai encontrar a dor
Pelo bico desse norte.

Debaixo das castanheiras e dos pés - de - jatobá
Sombras onde ecoaram ganidos de dor
Onde pereceram homens preparados pra morrer
Cidadãos de um país que ainda vai nascer.

O canto lírico das aves
Reverenciando o espelho natural
Beleza refletida de um cenário colossal
Um sentimento emudecido
Pelo estampido de uma falsa fé
Lampejos de razões enraizados pela planta do pé.

Quantos corações iscados neste anzol
Pra fisgar um peixe de papel
Abocanhando os bigodes
Entre mortos, generais e coronéis
Modelados contos de cartéis
Publicados nos tablóides.

Manchas que o grande rio não consegue desaguar
Encardidas no silêncio do trabalhador
Gente procurando gente que jamais existirá
Pelas normas da lei que o cão determinou.

Enquanto isso a roda gira
Enchendo de vento o bucho da nação
É tempo de fazer valer a força da razão
E a água enche a roda d’água
Que enrola a mágoa dessa multidão
É tempo de arrancar a dignidade do chão.


Nenhum comentário:

Postar um comentário